Lula escapa da maldição do segundo mandato?
Nelson Rodrigues dizia que no Maracanã vaia-se até minuto de silêncio. Lula não acreditou e, na sexta-feira (13/07), amargou uma sonora vaia em um estádio tomado por 90 mil espectadores, durante abertura dos Jogos Pan-americanos. Na reeleição, em 2006, Lula recebeu 76% de apoio do eleitorado carioca e, com seis meses de mandato, mantém um expressivo índice de credibilidade: mais de 60%. Sabe-se que, nos EUA e na América Latina, há poucos casos de segundos mandatos bem-sucedidos, o que se convencionou chamar de maldição do segundo mandato. O Jornal de Debates pergunta: qual é o significado da vaia ao presidente? Lula escapa da maldição do segundo mandato?
(Fonte: Jornal de Debates)
É certo que quem estava lá na abertura do Pan, no Maracanã, era, majoritariamente, a classe média, a classe que não viu, porque não sofreu, nenhuma mudança brusca feita pelo governo do então presidente Lula.
Não votei no Lula porque acreditava nele, votei por não querer que o tucano ganhasse. Não sei se fiz o certo, não queria votar nulo. Mas, eu, se estivesse lá no Maracanã, não o vaiaria. Fazer isso é dar força para ‘os de oposição’, que - tiro conclusões pelo meu modesto conhecimento político - são piores que ele. Veja o que comentou o senador Arthur Virgílio (AM), líder do PSDB: "É bom para ele não se achar dono da opinião pública e saber que há súditos que vaiam".
Ao menos, a vaia é um reflexo de uma insatisfação da população que sabe do que acontece. Não existe mais aquilo de poeira embaixo do tapete. Está tudo ali, à mostra.
Li na ‘turma da coluna’ do blog do Ancelmo Gois, uma afirmação que, infelizmente, tenho de concordar. O jornalista David Zylbersztajn escreveu que “somos claramente uma sociedade cada vez mais americana... Adoramos a música, o cinema, o consumo, a Disney, Nova York, Califórnia, os teatros, os museus... Mas foi curioso ontem na festa de abertura do Pan carioca, uma turma que tinha a liberdade de vaiar na lata o presidente da república, com camisetas Rip Curl, Abercrombie, calça Diesel, etc. e quase uma orelhinha de Mickey na cabeça, vaiando a delegação americana e aplaudindo emocionada a delegação cubana...”, e no final ele pergunta: “Se um dia tivessem que emigrar e lhes fossem oferecidos um passaporte cubano e um americano, o que a maioria escolheria?”.
Ou seja, diante desta declaração, vejo a vaia como um som saído por impulso, sem atitude, apenas voz. E isso não intimida, não muda nada.
segunda-feira, 16 de julho de 2007
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2 comentários:
Belo artigo, Rebeca. Li no Jornal de Debates. Vá firme. Está cada vez melhor.
Muito boa essa postagem Rebeca. Não adianta o povo se rebelar e fazer uma manifestação ofensiva ao presidente se nós brasileiros não estamos nem sequer verdadeiramente cientes do processo de americanização que de uma forma lenta e gradual, invade a nossa cultura. A siuação é tão crítica que até a nossa lingua portuguesa já foi corrompida por esse processo, expressões americanas estão presentes no nosso dicionário, como delete, cheeseburguer,mouse e por ai vai..... bjosss seu blog está ótimo!!!!
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