O esporte brasileiro melhorou sua marca nos jogos do Pan-americanos do Rio de Janeiro em relação ao Pan 2003. O Brasil está em terceiro lugar no quadro de medalhas, atrás de Cuba, mas com chances de conquistar a segunda colocação. Os Estados Unidos, como sempre, continuam sendo os campeões. Muitos atletas dizem que a torcida brasileira é o maior impulso para a boa colocação do país no Pan. Em algumas ocasiões, no entanto, a torcida parece passar do limite, vaiando atletas de outras nacionalidades. Foi o que ocorreu na final feminina até 52kg do judô, quando os juízes deixaram a brasileira Érika Miranda com a prata e a cubana Sheila Espinoza com o ouro. Houve vaia, confusão e violência nas arquibancadas do Riocentro. O presidente da Confederação Brasileira de Judô, Paulo Wanderley Teixeira, chegou a dizer que o ponto negativo do Pan foi o público. Você concorda? Há poucos dias do fim do Pan, o Jornal de Debates coloca em discussão a atitude do Brasil nos jogos. Atletas e torcida: o país está fazendo bonito?
(Fonte: Jornal de Debates)
Eu vejo a vaia ao presidente Lula diferente da vaia ao juiz que deu o ouro à atleta cubana no judô. Na primeira situação foi como se a população (a classe média que estava no Maracanã, na inauguração do Pan) estivesse em desacordo com as medidas tomadas pelo presidente em seu governo. Como se, por conta disso, tivessem vergonha de serem brasileiros. Na segunda, apesar de também ter sido uma demonstração de insatisfação, o povo estava ali, gritando pelo Brasil, querendo o ouro, tendo a certeza de que o Brasil é o melhor.
E o Brasil faz bonito quando o assunto é esporte. E é aí que temos orgulho de sermos brasileiros. É como disse o Emmanuel do vôlei de praia quando ganhou o ouro: “Hoje tenho orgulho de ser brasileiro”, e o povo gritou concordando com ele; com o ‘hoje’, somente hoje.
É bonito ver o povo brasileiro beijando a bandeira, vestindo Brasil, acreditando no seu país, ao menos no esporte. É como se o esporte retirasse de cada brasileiro, algo que está guardado, lá no fundo. Uma vontade de mostrar ao mundo um Brasil que é bom, um Brasil de alegria.
No esporte o Brasil intimida, deixa o adversário com medo, se torna grande. Deixa de lado aquela impressão de país de terceiro mundo. Faz bonito.
Portanto, no esporte a vaia é normal, faz parte. É natural quando um time não está bom ser vaiados pelos seus próprios torcedores, por exemplo. Ou quando acontece alguma injustiça, como no caso da judoca Érika Miranda. Só que confusão e violência não combinam com esporte e isso tira do brasileiro o brilho que nele acende quando torce por seu país.
Nenhum comentário:
Postar um comentário